Olhos castrados, de Ribeiro, Paulo. Editora KOTTER, capa mole em português

Descrição

O romancista fala de sua aldeia para referir-se ao mundo. Paulo Ribeiro, em "Olhos Castrados", se afasta do cenário de Bom Jesus para continuar a expressar o universo em sua narrativa. Com frases curtas e diálogos intensos, estruturados em cinco partes ou óleos sobre pranchas, o autor utiliza uma linguagem direta e expressiva. Após ter publicado um conjunto de obras literárias, ele atende às expectativas de um público exigente. Paulo Ribeiro é reconhecido por sua habilidade de escrita. Seu texto emerge dos enredos da vida, dos desejos, do aspecto oculto do cotidiano, revelando o estranho que nos cerca, ora com ternura, ora com severidade. O jornalista e o professor que há nele se esvaecem diante da urgência de comunicar algo, de desvendar as coisas como se fossem vistas pela primeira vez.

Há um poeta oculto no discurso do romance, que desde os tempos mais remotos até a atualidade, aprecia narrar, descrever e verbalizar o mundo, seguindo livremente o ritmo da vida. O interesse de Paulo Ribeiro reside na linguagem, que antecede respostas simples, explicações e ordenações hierárquicas. Seu texto é um ato de percepção: simples, mas profundo. Ele narra com estilo próprio, imprimindo a marca humana naquilo que suas convicções lhe permitem expressar, a experiência do essencial.

A leitura de suas obras permite descobrir trajetórias pessoais. Cada leitor pode identificar aquilo que considera especial. O verdadeiro escritor lê o que cada um não consegue ver em si mesmo. Ao ler o texto, é o texto que nos lê. Paulo Ribeiro explora os limites do inexprimível na visibilidade do cotidiano. Assim, o prazer da leitura se transforma na alegria de explorar novos horizontes ou, simplesmente, na habilidade de revelar o interior de cada elemento, de cada pessoa. Uma história bem escrita tem o poder de expressar de diversas formas o que a linguagem comum comunica de maneira singular.

Jayme Paviani.